Entidades representativas do trade turístico devem iniciar uma corrida para elevar a competitividade da Capital no segmento de eventos. A iniciativa é impulsionada pela notícia de que Porto Alegre saltou da sexta posição (em 2014) para o terceiro lugar na lista de cidades brasileiras que mais receberam eventos e congressos internacionais em 2015, de acordo com o ranking da Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA).
Nesta terça-feira (31), um grupo formado por dirigentes de sindicatos e associações, empresários do setor e gestores do poder público irá se reunir a partir das 14h, na sede da Fiergs, para elencar os desafios da empreitada. Também os impactos econômicos dos eventos na cidade dimensionados em pesquisa apresentada pelo Porto Alegre Convention & Vistors Bureau (Poa CVeB), no início de maio, dão gás às metas para o segmento.
"Queremos posicionar o potencial do setor para o desenvolvimento econômico e social da Capital", afirma o presidente do Poa CV&B, Roberto Snel. O dirigente destaca que o maior desafio do trade será manter a posição conquistada - graças à realização de 14 eventos internacionais durante o ano passado. Porto Alegre perdeu para São Paulo (78 eventos internacionais) e Rio de Janeiro (65); mas superou Brasília (11), Belo Horizonte (10) e Florianópolis (10). De acordo com Snel, chegar ao pódio da ICCA foi uma "grata surpresa" que deve servir de ferramenta para as próximas captações da entidade. "É uma chancela para mostrar a importância do segmento, que pode ser comprovada também pelos resultados econômicos de 2015", afirma.
No ano passado, a Capital sediou um total de 116 eventos (em níveis regional, nacional e internacional), que juntos geraram 3,8 mil empregos e movimentaram mais de R$ 118 milhões, impactando diretamente oito setores da economia (como meios de hospedagem e alimentação, transportes, comércio e serviços, entre outros). "Em impostos, estes eventos representaram R$ 20 milhões aos cofres públicos." No caso do ranking da ICCA, foram considerados apenas os eventos internacionais, pondera o titular da Secretaria Municipal do Turismo (SMTur), Luiz Fernando Moraes. "Os congressos e convenções contabilizados não podem ser uma realização local, precisam ter passado por, no mínimo, três países e ter caráter itinerante; além de reunir no mínimo 50 participantes internacionais, entre outros critérios", detalha o secretário do Turismo.
O volume citado no ranking da ICCA pode não traduzir toda a dimensão de eventos que acontecem na Capital, mas é um indicador com dados relevantes e série histórica que serve de base para avaliação do setor, valoriza Moraes. A Associação Internacional de Congressos e Convenções é a entidade internacional responsável pela administração do maior banco de dados de eventos associativos ao redor do mundo. Considerando o ranking mundial das cidades, Porto Alegre está empatada com a cidade de Hannover, na Alemanha, e na frente de Honolulu e Denver, ambas nos Estados Unidos, em número de eventos considerados pela entidade.
Este resultado deve ajudar na captação de novos congressos e convenções para os próximos anos, avalia o gerente-geral do Centro de Eventos da Fiergs e presidente do Comitê Brasileiro e vice-presidente do Capítulo Latino-americano da ICCA, Maurício Macedo. Ele destaca que a Porto Alegre é um grande polo de congressos técnico-científicos, que tem se consolidado cada vez mais por um "trade engajado e com várias frentes de ação na SMTur e no governo do Estado". "Agora, é hora de não se iludir e ir atrás da consolidação deste terceiro lugar com gosto de primeiro - já que Rio de Janeiro e São Paulo estão em patamares bem mais elevados que os demais destinos brasileiros."
Meta é trabalhar com eventos próprios e permanentes
Moraes defende intensificação do trabalho em função da disputa
MARCO QUINTANA/JC
Com o novo posicionamento no ranking da ICCA, a capital gaúcha passou à frente de tradicionais destinos de eventos associativos no País, que possuem centros de convenções com capacidade para um maior número de pessoas ou apelo turístico maior. "Porto Alegre tinha uma disputa histórica com estes municípios", comemora o titular da Secretaria Municipal do Turismo (SMtur), Luiz Fernando Moraes. "Recebemos a notícia com muito orgulho, com o sentimento de que estamos no caminho certo. É claro que precisamos intensificar nosso trabalho, pois há ainda muito a fazer, mas esse reconhecimento nos envaidece", destaca o presidente da regional Sul da Associação Brasileira das Empresas Organizadoras de Eventos (Abeoc-RS), Maurício Cavichion.
Para 2016, a entidade trabalha com a meta de criar eventos próprios e permanentes, que gerem negócios para a cidade durante todo o ano. "Sem esquecer os eventos itinerantes", frisa Cavichion. O dirigente entende que Porto Alegre tem um cenário favorável para manter um calendário de eventos fixos de qualquer natureza, sejam técnico-científicos, sociais, culturais ou esportivos, de grande e médio portes. "A Abeoc vai realizar, ainda neste ano, um seminário com rodada de negócios para compradores, com dirigentes de entidades nacionais e internacionais, com o objetivo de mostrar Porto Alegre como destino atrativo para a realização de eventos", projeta.
O presidente do Comitê Brasileiro e vice-presidente do Capítulo Latino-americano da ICCA, Maurício Macedo, entende que este é o momento de o turismo unir forças também com o setor de comércio e serviços. "Convenções e congressos são eventos geradores de conhecimento, que agregam na carreira de profissionais de engenharia, tecnologia e medicina, entre outros. Atrair visitantes deste patamar alavanca a economia, movimentando não somente a rede hoteleira, mas também restaurantes, lojas e outras empresas, pois muitos destes congressistas chegam à cidade acompanhados dos cônjuges."
Moraes afirma que Porto Alegre é reconhecida no segmento de eventos em geral. Ele elenca o fato de a Capital ser uma metrópole pequena, com boa mobilidade, clima amigável, e rede hoteleira e equipamentos de qualidade. Sobre o novo centro de eventos aguardado para a cidade, Moraes informa que em vista da crise no governo federal, o recurso de R$ 60 milhões conquistado via PAC Turismo ficou suspenso. "Iniciamos uma negociação para tentar uma nova área." De acordo com Moraes, o governo interino tem sinalizando que "não há dinheiro para todas as obras", e a preferencia será para as que estão iniciadas ou com construção adiantada.
Páreo: o lugar de cada um
KIMBERLEY WINHESKI/ARTE/JC
Créditos - Adriana Lampert/JC
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos por comentar!!!