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A presepada do embaixador - por Mauro Nadvorny

A presepada do embaixador

O desastre de Brumadinho trouxe a tona mais uma tentativa de fazer com que Israel fosse apreciada pelos Brasileiros.

Tão logo soube do que aconteceu, sem pestanejar, o embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, entrou em contato com o primeiro ministro de Israel, Benjamin Nethanyau e solicitou o envio de uma tropa especializada em desastres naturais para vir ao Brasil. Prontamente atendido, sem questionamentos, uma tropa com mais de 100 homens e mulheres juntamente com 16 toneladas de equipamento foi despachada para a missão com direito a voo fretado com todas as despesas cobertas por Israel, algo em torno de sete milhões de dólares.

Tendo chegado ao Brasil em janeiro de 2017 o embaixador não presenciou o desastre de Mariana em novembro de 2015. Talvez isso explique a presepada que causou trazendo uma tropa especializada em desastres naturais que deixam sobreviventes soterrados aguardando que sejam encontrados. Mais preocupado em agradar o novo presidente brasileiro eleito, se tivesse se dado ao trabalho de ler sobre o que acontece com o rompimento de uma barragem como a de Mariana, saberia que um dia depois do ocorrido já se tem os desaparecidos como mortos, faltando apenas encontrar os corpos.

A tropa israelense se deparou com os fatos somente ao chegar à região. Seus equipamentos eram inúteis para encontrar sobreviventes porque não haviam sobreviventes para serem encontrados. Ainda assim lhes deram a área do refeitório para trabalharem. Neste local até um grupo de escoteiros encontraria desaparecidos, um local onde era sabido se encontravam muitas pessoas no momento do rompimento. E assim aconteceu, juntamente com homens do Corpo de Bombeiros a tropa localizou alguns corpos e deu seu trabalho por encerrado. Recolheram seu material e em menos de uma semana embarcaram de volta a Israel.

Além da óbvia inutilidade da vinda, outro fator apressou a debandada. A lama que contem elementos tóxicos absorvidos pelo contato com a pele podem causar doenças graves no futuro. Ninguém avisou os israelenses disso que não trouxeram roupas adequadas e ao contrário das tropas brasileiras não quiseram pagar para ver.

Deste episódio bizarro ficaram algumas lições sobre as quais vale a pena gastar algumas linhas. A primeira foram as várias charges e artigos criticando a vinda da tropa por ser de um país que ocupa um território e oprime seu povo há cerca de 50 anos. Nada contra este fato, sou crítico desta situação também. O que realmente precisa ser indagado é se o momento da crítica foi o mais adequado e acho que não. De mau gosto e inapropriado ao momento de dor estas críticas apenas causaram repulsa e como vieram principalmente da esquerda, ajudaram muito a direita judaica em seus ataques aos judeus progressistas.

 A segunda lição foi o desejo de tornar antissionismo uma forma disfarçada de antissemitismo. Desculpem, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Nem todo antissionista é necessariamente antissemita, como nem todo antissemita é antissionista. Prova disso são os atuais líderes da Hungria e da Polônia, por exemplo, que apesar de antissemitas visitam Israel e apertam as mãos de Nethanyau. Da mesma forma, inúmeros líderes políticos se colocam contra a política do governo israelense e apoiam abertamente as organizações judaicas que lutam pela paz e a criação de um Estado Palestino. 

A terceira lição que aprendemos foi que quando uma coisa tem tudo par dar errada ela vai dar errada e da pior maneira possível. Assim disse Aluysios Murphy em 1949 criando a conhecida Lei de Murphy que foi comprovada neste episódio. A vinda da tropa de solidariedade israelense apenas serviu aos propósitos dos que odeiam Israel e assanhou os antissemitas que estavam adormecidos sob as bandeiras de Israel desfraldadas pelos seguidores do novo presidente.

Por fim fica nosso agradecimento a esta tropa que veio pensando realmente que poderiam ajudar como já o fizeram em muitos países resgatando pessoas que não teriam sobrevivido sem sua ajuda e a nossa repulsa a todos os envolvidos neste episódio para proveito próprio.

Pessoalmente espero que os culpados por mais esta tragédia anunciada paguem pelo seu crime e que as famílias enlutadas encontrem sua paz e sejam devidamente cuidadas e indenizadas de maneira condizente.

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